Saiu do Vida Nova, SIC, em Setembro quando esperava ter ficado no horário da tarde.
E desde aí tenho estado na SIC Internacional, onde continuei a fazer o programa para as comunidades Alô Portugal. É com algum orgulho que digo que é um dos programas que mais sucesso fa-zem no canal e que, modéstia à parte, tem um público fiel pelo mundo inteiro.
Na recta final do Vida Nova, afirmou que esperava que desta vez fosse para ficar. Mas não aconteceu. Por isso, como se sente?Vou ser sincero, claro que fiquei magoado. A expressão é esta! Reconheço que tenho público à tarde e que tenho estatuto para continuar no day time.
Então porque é que os directores lhe retiram dos lugares após substituição?Não sei.
Tem anticorpos na SIC?Não vejo em quê. Aliás, o que eu faço à noite na SIC Internacional é exactamente o que faço à tarde. Mas isso é uma questão de legitimidade da direcção.
Alegaram as baixas audiências para que o José saísse?
Não.
Foi alvo de falatório por ter de falar sobre soutiens numa rubrica do programa que estava pensada para a Fátima, mas que não foi alterada à última hora.
Por questões de logística, não se podia ter desmarcado esse conteúdo, e eu fui o primeiro a dizer que devíamos tratar esta matéria com um olhar masculino. Adorei fazer, e muita gente comentou que tinha estado perfeito. Durante dois meses e meio, podíamos ter mudado alguns conteúdos, mas nem sempre era possível, porque o formato do programa era naquele registo. Nos meses em que estive já tivemos coisas mais ligeiras e não com as pessoas e as suas doenças.
Alegrou o formato?Sim, sem dúvida, e o feedback foi esse. Não é desrespeito nenhum, mas dei uma lufada de ar fresco naquilo. Ao fazê-lo, isso tem que ver um pouco com a minha maneira de estar, estávamos no Verão, numa onda mais para cima, e gostava que não me pusessem com a conversa do desgraçadinho. E acho que o meu público ficou triste de me ver sair... já lá vão dois meses.
Passou esta informação à direcção de programas?Passei.
E a reacção?Falei com o Nuno Santos, e obviamente que gostava de ter continuado à tarde... mesmo sabendo que o horário precisa também de um rosto feminino. Como as manhãs também precisam. Eu achei que tinha lugar à tarde, quer seja com a Conceição...
Durante duas semanas esteve a apresentar o Vida Nova e no site continuava o rosto de Fátima. Foi um desrespeito?Nem reparei, mas tinha a noção de que estava a cumprir uma missão e, no último programa, até escrevi no meu Facebook: "Missão cumprida, chegou ao fim dois meses e meio de Vida Nova. Gostei... e ficou enterrado." Não vou dizer que não ter ficado me deixou em estado de choque... fui percebendo ao longo das minhas tardes...
Ainda estava nas tardes quando se soube de Conceição Lino. Ninguém o avisou?Estava eu de férias, e o Nuno Santos [director de Programas da SIC] ligou-me a avisar-me, para que eu não soubesse pelas revistas, que a partir do dia 13 ia ser a Conceição Lino. Ele disse-me: "A ver se acabamos um bocadinho com esta ideia de que és o bombeiro da SIC porque tenho projectos para ti."
Como reagiu?Sou realista e apercebi-me de que ia cumprir o meu trabalho. Quando me disseram por telefone quem é que iria apresentar o novo programa, disse para a minha mulher: "Tudo bem! Já sabia, vai outra pessoa fazer o programa à tarde."
A sua mulher não lhe pediu que deixasse a televisão?Não. Ela é a pessoa que está para ficar para o resto da minha vida e tem uma filosofia diferente. Eu também tenho outros planos, não que-ro fazer televisão para o resto da minha vida... Se calhar mudar de estilo, passar a reforma noutro sítio.
Mas ainda lhe faltam muitos anos para isso...Não nos vamos amarrar a isto para sempre. Quando começarmos a sentir que somos verbo de encher, vamos embora. Temos ideia para ir viver para um país...
"Verbo de encher" é uma expressão forte. Já se sentiu assim?Não... Conheço o meu valor e o meu público, o meu consumidor, sabe quem eu sou.
Já fez tantas substituições, porque é que nunca disse "não"?Já disse alguns.
Qual foi o último?O último até foi por uma questão de falta de tempo, por umas questões logísticas. Queriam que eu fosse substituir Liliana Campos, em Etnias, da SIC Internacional.
Mas já o disse sem ser por questões de agenda?
Não é preciso dizer isso com ar de quem quebra e parte a loiça. Este foi um "não"!