Voz da rádio há vários anos - estava na Antena 3 a conduzir o Planeta 3 e A Hora do Sexo e antes integrou a equipa da Rádio Renascença -, Raquel Bulha é a mais recente contratação da SIC para fazer a voz off.
Cabe a uma cara feminina dar voz ao novo canal 14 da Zon que chega hoje. Na estação de Carnaxide desde 01 é uma das caras que está na edição de conteúdos de formatos como 'Gosto Disto', 'Fama Show' ou 'E-Especial'. Será ela a voz off da SIC Caras.
À Notícias TV, espera que a "SIC Caras seja uma televisão próxima das pessoas e que se torne num veículo de entretenimento, boa disposição, sonho e evasão da realidade. "
Augusto Seabra – Voz off da SIC Se há vozes que não são reconhecíveis a menos que saiam devidamente colocadas, a de Augusto Seabra está fora desse grupo. Seja ao telefone seja ao vivo, é dono de uma voz impressionante que quem ouve tem a certeza absoluta de conhecer de algum lado. Só não está a ver de onde. Foi a primeira voz da SIC, há 18 anos. Aguentou um ano e meio: "Pedi a demissão. Já não conseguia ouvir a minha própria voz. Naquela altura toda a gente via a SIC, que tinha intervalos com sete promoções e anúncios publicitários também com a minha voz. Não aguentava mais." Hoje, garante, já não cansa tanto. Mas nem só da SIC vive o homem. Augusto Seabra faz trailers para o cinema e não fica nada atrás do senhor americano de voz profunda. Agora sente-se no sofá e ligue a televisão. Daqui a nada deve dar um anúncio da Gillette. Ou mesmo da Actimel. Quem sabe se do Bollycao? Preste atenção. É a mesma voz que vai ouvir nas promoções da SIC. Bollycao? Perante a incredulidade da jornalista, Augusto encarna toda a energia que o produto pede e acaba com as dúvidas de uma vez por todas. Logo a seguir faz a voz da Gillette, o melhor para o homem, mas pára antes que jornalista e fotógrafo peçam que monte no estúdio um pequeno espectáculo de variedades de voz. Augusto Seabra também começou nas rádios piratas, mas o curso de voz da TSF, há 23 anos, é que lhe ensinou quase tudo. Foi também graças a essa experiência que foi parar à Rádio Comercial, onde fez programas como "TNT - Todos no Top" e "Rock em Stock". "Acabei por trabalhar com a malta toda que admirava na altura: Luís Filipe Barros, António Sérgio, Rui Morrison..." Mas a maior surpresa foi o arranque de toda a carreira de Augusto: "Andei 15 dias em digressão com o José Cid, em Paris. Eu tocava bateria. Houve um dia que dei uma entrevista para o Rádio Clube Português e foi aí que me disseram que eu tinha boa voz para locução." Tinha 18 anos na altura e não pensou duas vezes. Arrumou a bateria e fez-se à voz.
Eduardo Rêgo - Voz "BBC Vida Selvagem" Sabe quando toma o pequeno-almoço ao sábado e domingo, de olhos postos na SIC, a admirar a vida da bicharada, e comenta com a cara-metade a maravilha que é a voz do locutor? Eduardo Rêgo é o dono e senhor desse tom de voz relaxante, capaz de acalmar a alma mais stressada ou nervosa do mundo. Quando Eduardo descreve a vida selvagem, nada mais importa. Os espectadores sentem-se parte do acasalamento das orcas, da vida em comunidade dos leões ou da organização quase militar das formigas. A voz é tão envolvente que há quem lhe diga que a meio do programa já nem liga aos bichos: só o ouve. Mas não pense que foi fácil chegar a este tom de voz, a esta dicção perfeita. Para aqui chegar foi precisa "uma luta titânica contra o sotaque minhoto", garante Eduardo. O locutor, que estudou num seminário em Guimarães e por pouco ia sendo padre, começou a carreira em 1977, na Rádio Renascença, depois de ter acabado o curso de Teologia: "Fui o primeiro realizador de programas da Renascença", garante, com orgulho. Além de fazer locução, é dono de uma empresa de tradução e legendagem, que partilha com uma das filhas. Afinal a locução só lhe leva dois dias por semana. O bicho da rádio atacou-o quando ainda era miúdo, e até no seminário gostava de dar música aos colegas, durante os jogos de voleibol e futebol. À Renascença deu 15 anos, até que decidiu sair para dirigir uma rádio local: a Rádio Mais, da Amadora. Daí passou para a RTP, onde foi voz da estação e onde, pela primeira vez, fez locução de documentários da natureza. Até hoje, 22 anos depois, continua a ser a sua grande paixão: "É um prazer inimaginável. Não há coisa mais reconfortante que a natureza." Nem que a voz de Eduardo Rêgo, atrevemo-nos a acrescentar.
Pode ler, também, uma entrevista feita pelo SIC Blogue em Fevereiro de 2009 a outra das vozes da SIC: Jorge Gomes! Leia AQUI!
O radialista António Sérgio faleceu na noite de sábado dia 1 de Novembro, aos 59 anos, vítima de um problema cardíaco. Com mais de 40 anos de carreira na rádio, António Sérgio fazia actualmente o programa ‘Viriato 25' na Rádio Radar. Luís Montez, dono da Rádio Radar, não poupa elogios ao radialista, recordando-o como 'um mestre da rádio', 'uma referência' e até 'o John Peel português'. Um exemplo de trabalho e dedicação, António Sérgio 'estava sempre preocupado com os ouvites', lembra Montez. António Sérgio deixou gravado o programa da próxima semana, que será colocado no ar. A Rádio Renascença foi a primeira casa de António Sérgio, que ficou conhecido com os programas 'Som da Frente', 'Lança-Chamas' ou 'A Hora do Lobo'.
Em nome do SIC Blog, desejo à família do locutor da SIC força neste momento de pesar!
Radialista António Sérgio completa 40 anos de carreira dedicados à música alternativa. Neste momento assina "Viriato 25" na Radar, mas podemos ouvi-lo com voz-off da SIC António Sérgio é um dos senhores da rádio. Com 58 anos, 40 passou-os a trabalhar para a sua "dama". Pioneiro dos programas de autor, é um "baluarte da resistência" na divulgação da música alternativa. Começou na Renascença, ajudou a construir a XFM, e depois de largos anos na rádio Comercial, onde manteve o mítico "A hora do lobo", o radialista viu-se impelido a mudar de casa, tendo sido acolhido na Radar, onde assina "Viriato 25". O também voz off da SIC, quando vai de férias, curiosamente, não leva CDs no carro, sujeitando-se "a música atroz", como refere. Que balanço faz destes 40 anos de carreira?Naturalmente bom, mas também só faço esse balanço positivo porque ainda estou em actividade, se não estivesse, o meu lado pessimista iria toldar-me a resposta. Comecei com 18 anos na rádio, em 1968, em tarefas muito vulgares, aquilo que nós chamamos trabalho de continuidade. No entanto, o meu sonho concretizou-se desde que comecei a dominar um bocadinho a rádio em si, sobretudo a parte que para mim é muito filosófica, que é a rádio entrar dentro de nós. Desde então, a rádio passou a ser a primeira dama, a par da música, talvez até elas se confundam. Mas passou a ser uma necessidade quase catártica, trabalhar.
Sempre a lutar pelo direito à diferença?
Sim. Tinha colegas que ainda hoje respeito muito, mas que olhavam para mim de soslaio. Havia um fenómeno de música que soava um bocado duro, em que os músicos não eram grandes executantes, mas a mensagem que esse punk/rock trazia era fundamental escoá-la e dar-lhe passagem. Nessas alturas foi preciso mesmo lutar um bocadinho, ou aguentar essa espécie de ostracismo que senti e que acaba por se verificar nos meus horários durante 40 anos: 80 a 90% são nocturnos. Hoje a escolha está limitada ou à Antena 3, da rádio nacional, e depois a estas pequenas, como é o caso de uma Radar, ou Oxigénio, que tentam alimentar as minorias e nichos de gosto e de mercado. As playlists são geriátricas, não é que não seja agradável ouvir uma vez, mas o leque de oferta está fechado com um elástico. O que se ouve a uma determinada hora hoje, com uma variação de uns minutos, é o que se vai ouvir amanhã. É uma sensação de mecanismo roto. Tem pilha estragada.
O Maio de 68 tem um simbolismo especial para si?
Tem bastante, é uma data coincidente com os meus 18 anos e com o início da carreira na rádio. Em 68, já tinha um substracto cultural importante. Para mim já não foi surpresa, alguns já conversávamos sobre isso e sobre a necessidade de haver um empurrão na Europa em certas situações de injustiça social, mas o curioso é que pensávamos que era através do grande urso russo que ia acontecer alguma coisa e não a partir de França, pese embora fosse um país com um tecido democrático propenso a essas coisas. Lembro de se falar que o Maio de 68 era um passo muito perigoso para a eclosão de um terrorismo urbano, tempos mais tarde vem a verificar-se esse mesmo terrorismo a florescer. Foram casos que se agudizaram em Israel e na Faixa de Gaza. Aqui, com a censura e o sistema pidesco, não sentimos tanto, mas o Maio de 68 foi uma bela mostra de como uma ideologia pode obrigar a mudanças sociais.
É muito diferente trabalhar num Portugal subordinado à ditadura...
Muito diferente. Aliás, como cidadão primeiro de tudo, só o facto de poder votar, significou imenso, coisa que nunca mais deixei de fazer e discuto sempre com quem não vota. O voto é a nossa arma mais directa. De resto, eu estava na tropa no 25 de Abril, e vivi a Revolução muito de perto. Quanto mais depressa acabarem as ditaduras e os poderes oligárquicos, muitos deles mascarados, que ainda há por aí, melhor.
Consegue eleger o ponto mais alto e o mais baixo da sua carreira?
Mais alto, facilmente. Aqueles quatro anos, de 93 a 97 na XFM onde tive o programa matinal "O primeiro delta". Foi a primeira vez que me senti a trabalhar verdadeiramente em equipa e a ajudar a criar uma rádio de raíz. Tive de ser eu próprio a exercer uma auto-censura e esse exercício fez-me bem à parte da humildade, que não se sabe bem como mas reforça a auto-estima. O ponto mais baixo foi a maneira como saí da Rádio Comercial o ano passado. Agora já nem guardo mágoa, pois comecei logo a trabalhar na Radar e isso é o melhor remédio. Não gostei foi das relações humanas em si, penso que foram muito baixas. A maneira como me deram o documento foi como se eu fosse descartável. Sei que não sou o maior da rádio, mas sei que tenho um papel e uma carreira. Essa bagagem dá-nos uma espécie de um astro, não é que eu queira ser tratado principescamente, mas queria ser tratado educadamente e foi isso que faltou. Disseram-me que eu tinha uma voz velha para o projecto da Comercial, quando eu era a pessoa que mais música nova passava. Além disso, eu faço voz-off na SIC e na altura anunciava a "Floribella", um produto para crianças.
O que é que o continua a mover?
O gosto pela música e pela rádio, acabando por haver quase um concubinato entre as duas coisas. A vontade de fazer rádio. Ninguém nunca a ouvir um programa da minha autoria vai ter a noção de que daquele lado está uma pessoa chateada a despejar música. É um prazer enorme dar música às pessoas.
Considera-se um baluarte da resistência?
De certa maneira. Boa parte das pessoas que trabalharam na rádio com uma postura semelhante à minha já baixaram todos as guardas ou dedicaram-se a outras coisas, a actividades mais rentáveis ou até mentalmente desligaram. Nem toda a gente tem a paciência, nem a flexibilidade da minha mola para ouvir música nova.
"Viriato 25" é um programa que lhe enche as medidas?
Neste momento, sim. Há ali duas, ou três coisas a fazer. O que falta é mais conteúdo cultural, mais rubrica a nível de coisas contextualizadas. Por um lado, tem havido uma certa hesitação, porque trabalhar entre a 1 hora e as 3 horas da manhã, tinha um véu, uma colocação. Trabalhar entre as 23 horas e a 1 hora, faz toda a diferença em termos de captação de ouvintes. O programa agora não é "late night". No outro, na última meia hora esticava-me e passava coisas, não diria inaudíveis, mas duras de roer. Raciocinei, como quando fiz manhãs, não posso açoitar ninguém àquela hora. Não nos podemos esquecer que a rádio tem uma multifunção e obrigações básicas: formar, informar e divertir.
O que é que ainda não fez em rádio que gostasse de fazer?
O que já não venho a fazer, que é uma das minhas tristezas grandes, que é formar profissionais. O que adorava mais era poder dizer hoje, amanhã, ou depois, este tipo aprendeu comigo e é bom.
Como gostaria de ser lembrado?
Como um bom homem, que fez mais coisas boas do que más. Como um bom pai. Profissionalmente como uma pessoa que entrou para a rádio com vontade de a servir com humildade e não para se servir dela para proveito próprio.